Série: Conhecimentos Históricos e Geográficos de São Luís do Maranhão

Planta  holandesa (séc.  XVI) com  núcleo  primitivo  de  São  Luís  e  terras vizinhas (Bandeira, 2015).

Os Tupinambás na Ilha de São Luís: História e Arqueologia

Antes da chegada dos colonizadores europeus, a Ilha de São Luís — também conhecida como Upaon-Açu, “ilha grande” na língua tupi — já era habitada por povos indígenas, especialmente os Tupinambás, grupo do tronco linguístico Tupi-Guarani. Esses povos deixaram marcas profundas na história e na cultura maranhense, que podem ser percebidas até hoje em nomes de bairros, rios e localidades como Turu, Maracanã, Itapari, Maioba e Iguaíba.

 1. Os primeiros habitantes

Os Tupinambás eram povos agricultores, pescadores e ceramistas. Eles viviam em aldeias organizadas ao redor de praças centrais, com grandes casas comunitárias chamadas ocas ou taba. A alimentação era baseada em mandioca, milho, peixes e frutos regionais, e o ambiente de mangues, rios e várzeas favorecia a abundância de recursos naturais.

Quando os franceses chegaram ao Maranhão, em 1612, encontraram uma ilha densamente povoada. O padre Claude d’Abbeville, em sua obra História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão, descreveu 27 aldeias indígenas distribuídas pela ilha, destacando Juniparã como a principal, governada por um líder chamado Japiaçu.

2. Franceses, Portugueses e Tupinambás

Durante o breve período da França Equinocial (1612–1615), os Tupinambás se aliaram aos franceses, acreditando que assim poderiam resistir ao domínio português. No entanto, após a batalha de 1615, liderada por Alexandre de Moura, os portugueses reconquistaram a ilha e fundaram definitivamente a cidade de São Luís.

Essa convivência entre europeus e indígenas foi marcada por alianças, conflitos e deslocamentos forçados, o que acabou influenciando a formação étnica e cultural da região. Documentos do século XVIII, como os registros da Junta das Missões, mostram que várias aldeias indígenas se transformaram em vilas coloniais, como Maracanã, Itapari, Vinhais, Paço do Lumiar e São José.


Reconstituição hipotética da localização das aldeias indígenas em São Luís, no início do século XVII, quando da chegada dos franceses (Fonte Norberto, 2012 Apud Bandeira, 2015).

3. Arqueologia e memória indígena

Os estudos arqueológicos iniciados no século XIX e aprofundados no século XX confirmam a presença Tupi na ilha. Pesquisadores como Raimundo Lopes e Curt Nimuendajú identificaram sambaquis (montes de conchas e restos de alimentos) e fragmentos cerâmicos pintados em locais como Maiobinha e Cutim.
Esses vestígios são fundamentais para compreender o modo de vida dos antigos habitantes e as transformações culturais causadas pela colonização.

Hoje, instituições como o Ecomuseu Sítio do Físico, coordenado por Arkley Bandeira, continuam resgatando essa memória, valorizando o papel dos povos indígenas na formação de São Luís.

Mapa  etnohistórico  de  Nimuendajú  com  a  indicação  da ocupação Tupinambá para Ilha de São Luís (Bandeira, 2015).

 4. Por que isso é importante?

Nas provas de História e Geografia do Maranhão, é comum aparecerem questões sobre:

  • A presença Tupi e suas aldeias na Ilha de São Luís;

  • A fundação da França Equinocial e a expulsão dos franceses (1612–1615);

  • Os registros arqueológicos e toponímicos (nomes de origem indígena).




Referências:

BANDEIRA, Arkley Marques. Os Tupis na Ilha de São Luís - Maranhão: Fontes Históricas e a Pesquisa Arqueológica. HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 2, n. 3, p. p. 79–98, 2015. DOI: 10.25247/hu.2015.v2n3.pp. 79-98. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/555.. Acesso em: 20 out. 2025.

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