A Relação Entre o Filme "Black" e o Conceito de Interseccionalidade
O filme "Black" não só narra a emocionante jornada de Michelle McNally, uma garota que tem surdocegueira, como também proporciona uma rica ilustração do conceito de interseccionalidade. Este conceito, introduzido por Kimberlé Crenshaw, nos ensina a compreender como múltiplas identidades sociais se sobrepõem e criam experiências únicas de opressão e privilégio. No contexto dos surdos, é crucial reconhecer que há uma diversidade de experiências que vão além da surdez simples, incluindo surdocegueira e outras variações.
Michelle representa uma intersecção única de identidades: ela é mulher, cega e surda. Essas múltiplas identidades não são apenas somadas, mas se combinam de maneiras que criam desafios específicos e complexos. A interseccionalidade nos ajuda a entender que Michelle não enfrenta apenas barreiras por ser mulher, cega e surda, mas sim uma combinação de desafios que são exacerbados pela intersecção dessas condições.
Exclusão e Preconceito: No filme, Michelle é frequentemente vista como menos capaz intelectualmente, uma percepção influenciada pela combinação de suas deficiências. Essa visão errônea reflete a maneira como as opressões se sobrepõem, criando barreiras adicionais para Michelle.
Apoio e Capacitação: A entrada de Debraj em sua vida exemplifica a importância do apoio especializado que reconhece essas interseções. Debraj não vê Michelle apenas como uma aluna cega ou surda, mas compreende a totalidade de sua experiência e trabalha para capacitá-la dentro desse contexto.
Diversidade Dentro da Comunidade Surda
A comunidade surda é diversa, com membros que têm diferentes graus e tipos de surdez, incluindo surdocegueira. O conceito de interseccionalidade é vital para entender que as necessidades e experiências dessas pessoas variam significativamente.
Necessidades Específicas: Políticas públicas e sistemas educacionais inclusivos devem considerar essas diferentes necessidades. O filme "Black" mostra que uma abordagem única para todos não é suficiente; é necessário adaptar métodos e recursos para cada indivíduo, reconhecendo as interseções de suas identidades.
Reflexão sobre a Inclusão e Políticas Públicas
"Black" destaca a importância de políticas públicas que reconheçam a interseccionalidade. Para realmente promover a inclusão, é necessário: Instituições devem ser preparadas para atender estudantes com múltiplas necessidades, como Michelle. Isso inclui professores capacitados, formação continuada, plano de ensino individualizado para surdocegos e adaptações curriculares gerais ou específicas (extraordinárias). A garantia de direitos deve considerar as diversas interseções. O filme "Black" destaca a jornada desafiadora de Michelle para ingressar e concluir seus estudos universitários, ressaltando a importância de suportes contínuos e personalizados ao longo desse processo.
O conceito de interseccionalidade pode ser uma forma de compreender a história de Michelle em "Black". Ao reconhecer as múltiplas dimensões de sua identidade e os desafios específicos resultantes de suas interseções, podemos apreciar a complexidade de sua jornada e a importância de abordagens inclusivas e adaptativas.
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