Transformações no Mercado de Trabalho Brasileiro: Impactos da Uberização e Plataformização

 Transformações no Mercado de Trabalho Brasileiro: Impactos da Uberização e Plataformização


De que forma a uberização e plataformização estão reconfigurando as antigas formas de organização da produção? 

A uberização e plataformização estão reconfigurando as antigas formas de organização da produção ao promover a flexibilização do trabalho, descentralização da produção, introdução de novas formas de controle e gestão, transferência de riscos e custos para os trabalhadores, e redução de garantias e direitos trabalhistas. Essas mudanças desafiam conceitos tradicionais de emprego, alteram a relação entre trabalhadores e empregadores, e demandam uma reflexão sobre a regulação e proteção dos trabalhadores na era digital.

As novas formas de elaboração das forças produtivas, impulsionadas pela tecnologia e digitalização, estão transformando as relações de trabalho. Isso inclui a automatização e uso de inteligência artificial, redefinindo habilidades e funções; o trabalho remoto e flexibilidade, desafiando noções tradicionais de local e horário de trabalho; a economia de plataforma e gig economy, criando empregos sem proteções tradicionais; a individualização e precarização do trabalho, como na "uberização"; e novas formas de supervisão e controle, levantando questões de privacidade. Essas mudanças exigem uma análise e adaptação das políticas trabalhistas para garantir condições justas e sustentáveis no ambiente de trabalho digital.

Como a uberização do trabalho está impactando a economia brasileira?

A transformação do mercado de trabalho impulsionada pela uberização tem gerado mudanças significativas, incluindo:

Flexibilização do Trabalho: Maior autonomia e flexibilidade para os trabalhadores, permitindo a determinação de horários de trabalho.

Precarização das Condições de Trabalho: Falta de garantias trabalhistas, como salário fixo e benefícios sociais, levando à instabilidade financeira e insegurança no emprego.

Impacto na Renda dos Trabalhadores: Variação na renda dos trabalhadores, podendo representar uma fonte adicional de renda ou resultar em baixos ganhos e dificuldades financeiras.

Concentração de Poder nas Empresas: Empresas líderes na uberização detêm grande poder de mercado, podendo impor condições desfavoráveis aos trabalhadores.

Desafios Regulatórios: Necessidade de adaptação das leis trabalhistas e previdenciárias para proteger os direitos dos trabalhadores uberizados.
Essas transformações exigem uma atenção especial para garantir um ambiente de trabalho justo e equitativo para todos os envolvidos.

ANTUNES (2020) reflete sobre o trabalho precarizado na era digital, trazendo um conceitos que tentam dar conta da atual conjuntura social, tal como a emergência do "precariado" como uma nova classe social sem direitos e estabilidade . A tecnologia é fundamental no trabalho digital, alterando a relação tradicional entre tempo e geografia, criando competição global . 

Antunes explica que há uma ilusão dialética entre controle das empresas e liberdade dos trabalhadores, revelando a complexidade das relações de trabalho . A "uberização" individualiza e invisibiliza as relações de trabalho, transformando o cenário laboral . A transformação do trabalho assalariado em prestação de serviços e a ambiguidade entre trabalho e não trabalho no capitalismo de plataforma geram desafios significativos. 

A uberização do trabalho está intrinsicamente ligada às transformações políticas do mundo do trabalho, refletindo e influenciando as mudanças nas políticas trabalhistas, nas relações de poder e nas estruturas de proteção social. É essencial compreender essas interações para promover um ambiente de trabalho justo e equitativo em meio às transformações em curso.

Fontes:

ANTUNES, Ricardo (org.).Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. 1. ed. São Paulo,
Boitempo, 2020.
 



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