Marcadores Sociais da Diferença

 



"Esse BBB se tornou um laboratório a céu aberto da fragmentação dessa esquerda identitária que não tem um modelo de sociedade, que é dividida em tribos e que não concilia o discurso da diferença com o da igualdade", definiu o filósofo Wilson Gomes, professor da Ufba (Universidade Federal da Bahia), à BBC News Brasil.. - https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2021/02/26/por-que-identidade-se-tornou-palavra-chave-para-entender-o-bbb-e-o-brasil.htm?

Personalidades do Big Brother Brasil têm sido criticadas nas últimas temporadas por assumirem o papel de porta-vozes de movimentos que não se identificam com suas condutas individuais, como se sequestrassem causas dentro da casa "mais vigiada" do Brasil. Este cenário talvez seja um dos reflexos mais claros da diferença entre identidade e performance, pautas identitárias e identitarismo, e o eterno confronto entre o eu, o mundo externo e os outros. No entanto, como diz o jargão dos realities, uma hora a máscara cai.

A fragmentação da sociedade é uma marca da pós-modernidade. Marcadores sociais da diferença são características que servem para distinguir e categorizar as pessoas dentro de uma sociedade. O que inclui fatores como raça, gênero, classe social, etnia, orientação sexual, idade, religião, entre outros. Como as pessoas são percebidas e tratadas, e como isso influencia suas experiências e oportunidades?

As desigualdades têm relação com marcadores sociais da diferença. Esses marcadores estão frequentemente associados a estigma e preconceito, impactando inclusive o acesso aos serviços públicos.

Exemplos de Marcadores Sociais da Diferença:

  1. Raça: As distinções raciais influenciam profundamente as experiências das pessoas, incluindo o acesso a oportunidades e o tratamento que recebem na sociedade.

  2. Gênero: As expectativas e normas de gênero determinam como homens, mulheres e pessoas de outras identidades de gênero são percebidos e tratados.

  3. Classe Social: A posição socioeconômica afeta o acesso a recursos, educação, saúde e outras oportunidades.

  4. Orientação Sexual: A orientação sexual pode ser um marcador de diferença que influencia as experiências sociais, incluindo discriminação e aceitação.

  5. Etnia: As diferenças étnicas são usadas para criar distinções culturais e sociais entre grupos.

  6. Religião: A filiação religiosa influencia a inclusão ou exclusão social.

  7. Idade: A idade determina o acesso a certas oportunidades e o tratamento social, com implicações diferentes para jovens, adultos e idosos.

Importância de Compreender os Marcadores Sociais da Diferença:

Compreender esses marcadores é fundamental para reconhecer e desafiar as desigualdades e discriminações presentes na sociedade. Eles ajudam a identificar como determinadas práticas e estruturas sociais perpetuam a marginalização e a exclusão de certos grupos. Além disso, a análise dos marcadores sociais da diferença é crucial para promover a justiça social e a inclusão, desenvolvendo políticas e práticas que reconheçam e respeitem a diversidade.

Papel do Estado e da Sociedade Civil:

Em paralelo ao crescimento de estudos sobre o tema, vem crescendo também a formulação de direitos e políticas públicas específicas para esses grupos. A sociedade civil tem um papel de destaque na luta pelo reconhecimento de identidades relacionadas a raça/cor, gênero, orientação sexual, geração, etc. A interlocução entre Estado e sociedade civil é essencial para diminuir as desigualdades, na perspectiva dos direitos.

Em resposta a essas desigualdades, observa-se um crescimento na formulação de direitos e políticas públicas específicas para esses grupos. Além da ação estatal, a sociedade civil desempenha um papel crucial na luta pelo reconhecimento de identidades relacionadas a raça/cor, gênero, orientação sexual, geração, entre outros. Porém, nem todos os discursos sobre marcadores devem ser levados a sério, precisamos identificar aqueles que não passam de oportunismo e vitimização inadequada. Podemos analisar duas situações comuns.

1. Reivindicações Legítimas: são demandas que grupos minoritários fazem para alcançar igualdade de direitos, reconhecimento e inclusão na sociedade. Essas reivindicações são baseadas em injustiças e discriminações históricas que esses grupos enfrentaram e continuam enfrentando. Elas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Pautas Identitárias: Referem-se aos movimentos e discursos que visam afirmar e valorizar as identidades de grupos específicos (por exemplo, movimentos feministas, LGBTQIA+, raciais, etc.). Estas pautas buscam garantir que a diversidade seja reconhecida e respeitada na sociedade.

2. Práticas Identitaristas:

Apego Egóico e Individualista: Aqui, a crítica está direcionada para atitudes em que o indivíduo se foca excessivamente em sua própria identidade e busca reconhecimento pessoal. Este comportamento pode ser visto como egoísta e individualista, pois prioriza o "eu" sobre o "nós". Segundo Moschkovich, esse tipo de prática pode desviar o foco da construção coletiva e da luta por direitos universais, centrando-se apenas na validação pessoal.

A distinção proposta por Moschkovich nos convida a refletir sobre como as identidades são abordadas nos movimentos sociais. Enquanto as reivindicações legítimas e pautas identitárias são essenciais para a justiça social, há uma crítica ao risco de práticas identitaristas excessivamente focadas no indivíduo, que podem minar a coesão e a eficácia das lutas coletivas. A chave é equilibrar o reconhecimento da identidade individual com a construção de uma solidariedade coletiva robusta.



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