Foi um personagem filtrado por múltiplas e contraditórias interpretações. Basicamente, sabemos que foi um revolucionário em busca da liberdade. Para outros foi um anti-herói. Para o historiador Salvador de Madariaga sua importância nas guerras de independência foram irrelevantes.
A época em que viveu de agitação política, gerra civil foi palco da atuação estratégica de Bolívar, ele foi o fio condutor para um caminho libertador. O que caracterizou as lutas pela independência da América espanhola? A busca pela liberdade e igualdade. Para escravos, índios, mestiços, liberais e as oligarquias esses conceitos soavam diferentes. Não havia unidade de interesse entre os que almejavam a independência. Bolívar era contra as oligarquias.
Após a independência, Bolívar, representante dos grupos dominantes aboliu a escravidão, fim do pagamento do tributo indígena, as castas, etc. Essas medidas em sua maioria não foram cumpridas. "Depois da vida de glória e honra, conquistada nos campos de batalha, Bolívar conheceria a doença, as tentativas de assassinato e a detração política, nascida, inclusive, dos círculos que, em algumas outras circunstâncias, tinham-no apoiado."(FREDRIGO)
Bolívar morreu no exílio, as lutas continuavam, a Venezuela ia por água a baixo.
De onde vem o caráter libertador de Bolívar? Segundo Maria Lígia Coelho Prado a construção da figura de Bolívar aconteceu em 1842 pelo governo venezuelano. O governo resgatou a imagem do herói nacional injustiçado, uma nova imagem estava sendo criada que serviria como instrumento político.
Após a independência a Venezuela estava devastada pela guerra. Em busca de resolver os problemas da nação os líderes buscaram na imagem de Bolívar o elemento coesor e pacificador dos conflitos sociais na Venezuela. Assim, como símbolo da nação ressaltado com suas qualidades é colocado no pedestal, comparado com heróis bíblicos, gregos e latinos-americanos. A partir de então historiadores venezuelanos dão ênfase ao papel de Bolívar como libertador.
"Ao conceder um lugar de destaque a Simón Bolívar, a historiografia venezuelana, desde o século XIX, manteve suas análises sobre a emancipação vinculadas à biografia dessa liderança... que explicava o desastre que sucedeu à emancipação como amenizava a reação popular e exigia a coesão nacional". (FREDRIGO)
No labirinto historiográfico, prevalece a imagem de El Libertador Bolívar construído pela elite venezuelana e perpassado pela historiografia latino-americana. Por defender o senado hereditário e a presidência vitalícia, os críticos afirmam que Bolívar era na verdade um ditador. Muitos são os Bolívares, várias são as suas versões, no entanto permanece intacto o herói americano.
*fim*
Fontes:
FREDRIGO, Fabiana de Souza. Pela América Latina. O POVO. UFG, 27 de janeiro de 2007.
PRADO, Maria Lígia Coelho . Bolívar, Bolívares. Folhetim, 24/07/1983.
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