O que são os sambaquis?
Durante sete milênios, os sambaquieiros ocuparam a costa litorânea do futuro Brasil, construindo os sambaquis, imponentes montes de até 40 metros de altura, feitos de conchas, ossos e terra, que ainda guardam vestígios humanos. No entanto, o destino desses ancestrais é um enigma. De onde vieram e por que desapareceram ou foram substituídos por outros grupos indígenas permanece obscuro.
Por que estudar sobre os sambaquis?
A análise genética de fósseis sambaquieiros revelou uma diversidade surpreendente, desafiando a ideia de uma única cultura associada a esses monumentos. Descobertas indicam diferenças genéticas entre grupos do Sul e Sudeste do Brasil, contradizendo registros arqueológicos anteriores. Além disso, revelou-se que os grupos relacionados à Luzia persistiram até 2.000 anos atrás, diferente do que se pensava. Essas revelações ressaltam a importância da combinação de arqueologia e pesquisa genética para entender a história dos povos antigos na costa brasileira.
A interação entre esses povos costeiros e grupos do interior antes da chegada dos tupis é confirmada, apesar da densidade populacional reduzida há 2.000 ou 3.000 anos. A chegada dos europeus em 1500 marca uma mudança significativa, resultando em uma drástica redução na população local e perda de linhagens genéticas. Questões sobre a origem e desaparecimento dos sambaquis levantam debates sobre calamidades climáticas ou implosões sociais.
Apesar da redução na densidade populacional estimada, os sambaquieiros representam um importante fenômeno demográfico pré-colonial na América do Sul. A introdução de cerâmica e a chegada de grupos ancestrais jê do interior há 2.000 anos podem ter impactado os sambaquis, refletindo uma mudança gradual na prática e cultura. A integração de genética e arqueologia contribui para uma compreensão mais completa da chegada humana na América do Sul.
Sambaquis em São Luís do Maranhão
Durante escavações em São Luís para a construção de condomínios residenciais, foram encontrados 43 esqueletos humanos e uma grande quantidade de artefatos históricos, incluindo fragmentos de cerâmica, ferramentas de pedra e conchas decoradas.
O trabalho foi conduzido pela empresa W Lage Arqueologia, liderada pelo arqueólogo Wellington Lage. Os esqueletos foram descobertos sob um sambaqui, sugerindo sepultamentos cuidadosos de homens e mulheres de baixa estatura.
Um vaso de cerâmica do tipo Mina, datado de 5 mil a 7 mil anos atrás, foi encontrado em uma das sepulturas. Essa descoberta adiciona-se a outras evidências de ocupação humana em São Luís há mais de 7 mil anos. Após a remoção dos artefatos, o local será usado para a construção de condomínios com nomes caribenhos.
O trabalho de pesquisa e escavação arqueológica pela empresa W Lage Arqueologia começou em 2019 e está em andamento. Wellington Lage, o arqueólogo coordenador, optou por não fornecer mais informações durante as análises. Os resultados devem demorar meses devido ao volume de material e exames externos.
A MRV, responsável pelo empreendimento, está construindo um centro na UFMA para armazenar os artefatos, seguindo a determinação do Iphan. A legislação brasileira permite construções em locais arqueológicos com licenciamento ambiental, e o Iphan é consultado em casos de interesse arqueológico.
Os primeiros dois esqueletos foram descobertos em 2020 durante as obras, junto com vestígios cerâmicos e de conchas do sambaqui. No entanto, a origem dos corpos ainda não foi esclarecida. Mais 41 esqueletos foram encontrados em 2024, indicando adultos de baixa estatura.
A bioarqueologia busca preservar os direitos humanos dos esqueletos encontrados, embora a legislação nacional sobre o assunto seja inadequada. O potencial arqueológico da área é conhecido desde os anos 1980, quando foram encontradas urnas funerárias. A MRV começou o processo de licenciamento ambiental em 2019, mas as pesquisas arqueológicas foram inicialmente dispensadas.
Apesar disso, o Iphan exigiu a realização dos estudos. A MRV afirma que cumpriu todas as exigências legais e investirá R$ 1 milhão na preservação dos achados, incluindo a construção do Centro de Curadoria e Guarda na UFMA.
Fonte:
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/09/sambaquis-as-descobertas-sobre-as-monumentais-construcoes-de-8000-anos-no-litoral-do-brasil.shtml
https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2024/01/06/quarenta-e-tres-esqueletos-e-mais-de-100-mil-pecas-arqueologicas-sao-descobertos-durante-construcao-de-condominio-em-sao-luis.ghtml
https://chc.org.br/artigo/quem-mora-no-sambaqui/
0 Comentários