Conhecimentos históricos e geográficos do Maranhão - Novas perspectivas sobre o povoamento no Maranhão e Pará

Fonte: Wikipedia

Este resumo é voltado para quem quer saber mais sobre a História do Maranhão e para aqueles que estão cursando o Ensino Médio e que queiram ampliar a visão que é passada pelos livros didáticos, que em muitos casos são muito resumidos ou estão desatualizados. Poderá ser veiculado em sala de aula junto aos seus professores de História.


Resumo


CHAMBOULEYRON, Rafael. Povoadores, Degredados e Soldados. IN: ­­­­­­­­­­­­­____________________. Povoamento, Ocupação e Agricultura na Amazônia Colonial (1640-1706). Belém, Editora Açai, UFPA, 2010.

Tópicos acerca do primeiro capítulo da obra a respeito de alguns aspectos do Maranhão Colonial.
Nessa parte do livro vai ser tratado sobre o povoamento da região amazônica. Essa discussão problematiza que houve certo interesse da Coroa em primeiro plano para logo povoar a região.
Vamos discutir a ocupação do Estado do Maranhão e Pará na segunda metade do século XVII. Diferente de outras possessões, no Maranhão o incentivo ao povoamento foi incentivado pela Coroa Portuguesa. O papel do Estado no incentivo a migração foi significativo.
A Ocupação da Amazônia Colonial se deu pela migração europeia e africana somada a ocupação indígena (descimentos organizados por missionários). Em vários documentos do século XVII é perceptível a preocupação da Coroa em habitar a região, e em consequência disso a sociedade portuguesa com todo seu sistema era reproduzida na colônia.
Havia pelo menos dois fluxos migratórios de europeus: um que saía do próprio Reino e outro que partia das Ilhas Atlânticas (soldados de Madeira e lavradores de Açores).
No Pará a mobilidade de pessoas teve haver com atividades econômicas. No Maranhão pela necessidade de defesa contra os nativos (índios do corso), a exemplo a Vila de Icatu.
 Haviam três tipos de  migração de portugueses para o Estado do Maranhão:

I – Voluntários[1]

Para a Coroa esses imigrantes além de suprirem a escassez de trabalhadores qualificados (oficiais) também serviriam para povoar a região.

II – Viajantes Involuntários (Soldados e degredados)

Esses estavam presentes ao longo de todo o período colonial. Que tipo de pessoas eram os degredados? Basicamente a historiografia tradicional[2] relaciona essas pessoas de forma negativa (vadios, malfeitores, ladrões, ...) De certa forma pode-se dizer que a Coroa encarava esse movimento como uma forma de povoamento para o Maranhão. Em muitos casos os degredados seriam utilizados nas milícias ou simplesmente se fixavam na região.
Com respeito aos soldados, em pelo menos três momentos-chave a Coroa viu-se obrigada a trazê-los para o Maranhão. Em 1640, em virtude da Invasão Holandesa, em 1680, quando foi deflagrada a Revolta de Beckman e em 1690 com a ação dos franceses nessa região. Também verificou-se nessa época o aparecimento de um patógeno as bexigas.
Assim, isso indica uma ação positiva do Estado Português em relação ao povoamento dessas plagas.

III – Migração em massa (açorianos)

Em contraste com o Estado do Brasil, a Amazônia dependeria de uma colonização forçada e patrocinada pela própria Coroa. Casais em Açores foram incentivados a povoar a região amazônica. A emigração deu-se num contexto em que as pessoas visavam sair das ilhas atlânticas devido a catástrofes naturais que ocorriam por lá. Entre 1640 e 1677 cerca de 197 casais tinham a intenção de vir para o Maranhão.

A relação entre catástrofes naturais e emigração para o Maranhão (como no século XVIII para Santa Catarina, por exemplo) é fundamental para entender a viagem dos casais. Em 1647, por exemplo, registrou-se um terremoto com terríveis efeitos. Do mesmo modo, em 1672, os diversos terremotos e erupção, e os incêndios que a eles se seguiram devastaram as vilas, como relata com detalhes a Relaçam dos tremores de terra, e fogo, que arrebentou a Ilha de Fayal... (1673), republicada no Archivo dos Açores. (CHAMBOULEYRON, p. 67, 2010)

Nesse caso também, percebe-se na documentação que a Coroa tinha a intenção de fomentar e pagar para que essas pessoas fossem para o Maranhão. Por pelo menos duas razões: para povoar o Estado do Maranhão e Pará e para possibilitar uma vida melhor àqueles que sofriam das catástrofes naturais.

Os irlandeses

A migração irlandesa deu-se num contexto onde essa população buscava escapar da perseguição religiosa contra os católicos na Irlanda. Essas pessoas buscavam territórios católicos como refúgio. Em 1640, alguns católicos irlandeses requereram ao rei Dom João IV permissão para se instalar no Pará.
Para algumas autoridades portuguesas era interessante a instalação de mais católicos na região independente de nação, pois havia o risco dos hereges holandeses se instalarem decisivamente na região. A concessão não foi possível, a Coroa portuguesa em 1648 suspendeu a licença para os irlandeses se estabelecerem no Pará, mas muitos que já viviam na região continuaram e não foram expulsos. 

O autor traz uma nova perspectiva acerca da colonização do Maranhão e Pará – que para a historiografia tradicional era uma região de atraso, pobreza e abandono – ao mostrar como a Coroa Portuguesa estava interessada em organizar logo o povoamento da região buscando várias estratégias para isso. A importância dos degredados como imigrantes, mesmo que forçados, para aumentar a densidade populacional da região e servir de soldados para coibir a entrada de outros estrangeiros que não estavam alinhados aos interesses da Coroa Portuguesa.

by tiago veras





[1] O autor ressalta que as fontes são fragmentárias sendo impossível estabelecimento de padrões dessas migrações voluntárias. (CHAMBOULEYRON, 2010)
[2] Historiadores como João Francisco Lisboa, Carlos de Lima, Domingos Antonio Raiol, Domingos Soares Ferreira Penna, por exemplo. (idem, 2010)

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