O Atlântico Equatorial no Tráfico Transatlântico de Escravos - O caso do Estado do Maranhão e Grão Pará



Este texto é parte da minha monografia de conclusão do curso em Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Maranhão. Trata principalmente da conjuntura específica do Estado do Maranhão. Sabe-se que por muito tempo tem se olhado para o Maranhão com conceitos e categorias para explicar a História do Brasil, o que muito dificultou em perceber as peculiaridades e dinâmicas da região. No que diz respeito ao tráfico de escravos não foi diferente. O Atlântico Sul, como se sugere fazia parte da lógica escravista brasileira. O Maranhão não se encaixava nessa dinâmica exclusiva do Brasil. Por isso a importância do trabalho do historiador Rafael Chambouleyron que com o conceito de rota Atlântico Equatorial procura entender a dinâmica pertencente a região amazônica, o que incluía o Maranhão. Para uma leitura mais completa da História do Maranhão é preciso abrir mãos de conceitos muito utilizados por historiadores que tratam da História do Brasil (Salvador, Rio, Recife, São Paulo) e lançar mão de novos conceitos como nesse caso para entender o tráfico transatlântico para o Maranhão - o Atlântico Equatorial.

Como se vê no mapa abaixo, a conexão atlântica do Maranhão é equatorial. Ligado as regiões da Senegâmbia, onde se encontravam os portos de Bissau e Cacheu, por muito tempo os africanos desembarcados no Maranhão efetivamente foram trazidos dessa região, diferente do Brasil, onde predominou uma conexão Atlântico Sul, sendo os africanos da região centro-ocidental (Angola, Congo) que em maior número compuseram o quadro social de lá.



O Comércio de escravos para o Maranhão


Desde o século XVII o Maranhão estava integrado ao Império Português. A administração metropolitana desmembrou a América Portuguesa em dois estados: O Brasil e o Maranhão e Grão-Pará. Além da imensidão da área, um fator crucial foi a questão da navegabilidade entre os estados. Alencastro comenta sobre as dificuldades para se chegar do Estado do Brasil para a região norte.[1] Assim, de certa forma, as relações entre norte e sul foram enfraquecidas na América Portuguesa.[2]
 Efetivamente em 1621 a Coroa no contexto da União Ibérica (1580-1640) cria o Estado do Maranhão e Grão Pará, o que insere essa região nos objetivos da burocracia hispano-lusa em garantir a posse das regiões no ultramar, isso porque outras potências como França, Inglaterra e Holanda tinham interesses nesses territórios. Antes, nas últimas décadas do século XVI o Maranhão era encarado como uma grande área de transição, sem uma definição formal e abrangeria “mais ou menos aos atuais Estados ‘brasileiros’ de Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí, Maranhão e Mato Grosso (ao Norte do paralelo 16º)” (CARDOSO, p. 320, 2011). Já no século XVII, o Ceará começava a ser visto como a fronteira natural entre Maranhão e o Estado do Brasil, mais especificamente na Serra de Ibiapava. Essa região, nessa época estava dividida em duas ‘capitanias reais’: a capitania do Maranhão, com sede em São Luís, tomada dos franceses em 1615 e a capitania do Grão Pará, com sede em Belém fundada pelos portugueses em 1616 como resultado das ações militares no Maranhão.[3]
A preocupação em garantir a ocupação da região norte pode ser percebida no interesse da Fazenda real em estabelecer um comércio regular de escravos que possibilitaria rendas para financiar as fortalezas e despesas com militares. “A existência de livros de receita e despesas separados para as fortalezas revela a importância das rendas geradas pela vendas feitas à custa da Coroa para financiar o aparelhamento militar” (CHAMBOULEYRON, p. 89, 2006.)
O comércio de escravos para o Maranhão teve suas peculiaridades em relação ao Brasil. Vários historiadores estão de acordo que o tráfico negreiro se organizou baseado em premissas diferentes do tráfico brasileiro. Os historiadores Rafael Chambouleyron – que em obra recente discute a especificidade da rota escrava para região norte em relação as rotas estabelecidas para o Brasil –  e Marinelma Costa Meireles  coadunam desse entendimento.
No Brasil a escravidão africana esteve atrelada ao advento da grande lavoura de açúcar nas regiões de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, o que se tornaria um eixo vigoroso durante os séculos XVI e XVII. Com o ciclo do Ouro, a demanda aumentou significativamente no século XVIII. Com relação a região norte, os portos de São Luís e Belém, “esse dois portos aparecem mais nitidamente no cenário colonial a partir da segunda metade do século XVIII, período no qual foram conectados às rotas comerciais do Atlântico por meio da ação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão” (CCGPM) (MEIRELES, p. 132, 2009).
A mão de obra utilizada antes da CCGPM era predominante indígena, esporadicamente se traziam braços africanos para região. A mão de obra africana era incipiente, mas não insignificante. Em relação à população livre local, em termos proporcionais o número de cativos africanos trazidos é relevante para a região, tanto prova que de 1690 a 1700 o crescimento do número de escravos ultrapassou o crescimento da população livre local.[4]
O tráfico para o Maranhão e Pará organizava-se a partir da Coroa, diferente de outras praças onde existia uma classe de negociantes que financiava o empreendimento, uma frota que o viabilizava, uma infraestrutura que lhe dava suporte e, principalmente, compradores ávidos por muitos escravos. Chambouleyron destaca que a inexistência de um tráfico regular e volumoso conectado aos circuitos sul-atlânticos, diferente de outras partes da América portuguesa, não excluiu os significados e as implicações da presença africana na região.[5] Para a frágil situação financeira da Coroa no Estado no final do século XVII e início do XVIII, significaria rendas, Chambouleyron acrescenta:

Embora a solução de a Coroa consolidar o tráfico por meio de assentos com comerciantes privados parecesse ideal tanto para a Fazenda real — que teria agora rendas para financiar as fortalezas — como para os moradores, que passariam a ter mão de obra escrava africana — tão esperada e desejada —, inúmeros problemas se interpuseram ao sucesso da empresa. Os principais obstáculos eram o preço dos escravos e o estado das contas e da aplicação do dinheiro obtido com o tráfico. (CHAMBOULEYRON, p. 87, 2006.)

De fato, a introdução de cativos no estado já existia no Maranhão antes da instalação da CCGPM[6]. Para Meireles (1994) desde o início do século XVII se fazia tráfico, tanto por assentistas regulares como de traficantes esporádicos. A partir da análise de cartas régias, provisões, escritura de doação para uma entidade religiosa o autor conclui que o tráfico de escravos começaria a ser realizado após 1655, constatada a evidência que a Câmara de São Luís, por meio de seus representantes criam o cargo de juiz de Saúde responsável por cuidar das moléstias e de fazer visitas aos navios que chegavam com africanos.[7]
Chambouleyron visualiza três elementos que possibilitaria uma incipiente rota escrava pra região amazônica,[8] a saber:

...o impacto das epidemias de varíola sobre os trabalhadores indígenas, que ensejou uma ‘corrida’ aos africanos, principalmente na década de 1690. Em segundo lugar, a delicada situação financeira da Fazenda real, que viu no comércio de africanos uma importante alternativa para viabilizar a reprodução do domínio militar português na região. E, em terceiro lugar, a experiência da Companhia de Comércio do Maranhão, de 1682, instituída para enviar escravos africanos ao Estado, em face de uma lei geral de liberdade indígena publicada em 1680, e cujo fim esteve determinado pela chamada “revolta de Beckman”, em 1684-1685. (CHAMBOULEYRON, p. 81, 2006)

Assim, esses elementos estariam atrelados a certo desenvolvimento pela Coroa de uma rota que traria com regularidade africanos para o Maranhão. Instituiu-se a Companhia de Comércio do Maranhão, os problemas da força de trabalho (trabalho indígena escasso e leis que proibiam a escravização dos nativos) seriam sanados e a Coroa conseguiria conectar essa região com o desenvolvimento da praça de Cacheu e  Bissau. A intenção de criar uma conexão atlântica equatorial que solucionaria os problemas locais com relação aos moradores e a mão de obra indígena e de possibilitar renda para Fazenda Real não logrou êxito. A Companhia de Comércio seria o instrumento que criaria a conexão entre o Maranhão e as regiões exportadoras de africanos, no caso a praça de Cacheu (CHAMBOULEYRON, 2006).
Ao questionar o fato de que a Amazônia seiscentista seria uma região de completo abandono, pobre e refém da mão de obra indígena[9] Chambouleyron conclui que ao invés disso, a região norte teve um processo de desenvolvimento peculiar, voltado para a ocupação efetiva desse território e desenvolvimento dos artigos agrários da região, ao que parece, nessa época se pensava que somente na Amazônia se podia produzir, alimentos como cacau, cravo de casca, entre outros (CHAMBOULEYRON, 2006).
Por não se enquadrar na lógica de mercado escravista de regiões como Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro a historiografia tem tachado o Maranhão como uma região pobre nesse período. O discurso geral sobre a condição da região norte era que os moradores eram pobres e não teriam acesso aos custos de importar mão de obra africana e os empreendimentos agrários lucrativos não foram implementados nessa região gerando uma economia de subsistência. No Maranhão o saudoso historiador Mario Meireles corrobora da ideia de pobreza antes da CCGPM. Ao analisar o relatório do Governador General Gomes Freire de Andrade (1685/87) ao Conselho Ultramarino sobre a ação da Companhia de Comércio do Maranhão que no período de três anos não trouxeram nenhum africano para região, o historiador questiona esse fato dizendo: “sabe-se que a generalidade dos moradores de São Luis, Tapuitapera (Alcântara) e Belém são pobríssimos pelas anteriores compras de negros” (MEIRELES, p. 137, 1994).
Domingues divide em três períodos as estimativas de africanos que desembarcaram no Maranhão: (1) De 1680 a 1755 (Início da colonização portuguesa); (2) de 1756 a 1777 (Monopólio da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão); e (3) de 1778 a 1846 (Do fim do Monopólio da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão ao último navio registrado a desembarcar cativos). O fornecimento de escravos para região antes do advento da CCGPM se deu através da Companhia de Comércio do Maranhão (Companhia do Estanco), Companhia de Cacheu e Cabo Verde e investimentos individuais no comércio de escravos.[10] Em suma, as companhias e os  assentista particulares que atuaram antes do advento da CCGPM estavam atrelados a política de ocupação do Estado, melhorias das receitas da Fazenda Real do Estado e incentivo a agricultura, não somente a de caráter exportador, mas primariamente a local baseado na produção das ditas ‘drogas do sertão’.
Trazer africanos escravizados nesse momento era problemático e dificultoso, com o advento da Companhia de 1755, a entrada de africanos ficou sistemática sendo alicerçadas as bases do tráfico transatlântico em São Luis do Maranhão, que se tornou a quarta capital negreiro do Brasil durante o Império e exportadora de mão de obra africana no século XIX[11]. A situação política e econômica do Maranhão na segunda metade do século XVIII é distinta no que diz respeito ao impacto da implantação da CCGPM como parte das medidas pombalinas na região, o que resultou na otimização do comércio de escravos[12]. Essa companhia tinha o monopólio para o transporte e comercialização de escravos trazidos da região da Senegâmbia e Guiné-Bissau, na África para o antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão.[13]
No que diz respeito ao papel do Marquês de Pombal, a historiografia local, por muito tempo atribuiu-lhe o papel de tirar o Maranhão da “extrema pobreza” e trazer progresso com a criação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, em 1755. No entanto, o crescimento foi gradual e “os reflexos mais abrangentes do novo sistema econômico não apareceram repentinamente, como muitos afirmam”[14]. Tanto o algodão, quanto o arroz foram importantes objetos de exportação a partir do último quartel do século XVIII, o que se constata a partir de cartas dos governadores da época (1770-1789). Conforme Barroso:

o potencial de exportação do Estado do Maranhão e Piauí era extremamente variado. Alguns eram resultado de caráter exploratório, predatório e extrativista como as toras de madeira e as varas; outros, resultado de um trabalho mais elaborado como os atanados (couros bovinos mais espessos) e as vaquetas (couro fino para vestimentas e outros objetos); e, ainda, aqueles resultantes da produção agrícola como o café, o gergelim, o cacau, o arroz e o algodão. (BARROSO, p. 111-12, 2011)

Depois de uns vinte anos o impacto da Companhia de Comércio já se fazia no aumento da população. Com essa racionalização da economia incentivada pelas companhias e comerciantes locais o comércio local estava orientado para as exportações. O que não exclui a importância da economia local e mercado interno. Muitos ingleses se estabeleceram em São Luis e conseguiram gerar grandes fortunas e privilégios na sociedade.[15]
Para o Maranhão foram realizadas estimativas acerca do volume de escravos trazidos para região. Para essa questão consideramos as estimativas levantadas por M. Meireles e Domingues da Silva. Os referidos tem em comum a divisão dos períodos de inserção de mão de obra africana no Maranhão, a saber o período (1) pré-CCGPM, (2) durante a atuação da CCGPM e (3) pós CCGPM, com variações nas datas abrangidas para a delimitação dos períodos.
Para M. Meireles o período de 1680 a 1755 (pré-CCGPM) foram trazidos cerca de 3.000 africanos, baseado nos escritos de Jerônimo de Viveiros. Durante a atuação da CCGPM, de 1756 a 1777, foram trazidos 10.616 africanos, com média de 505 por ano. De 1777 a 1820, 153.300, com média de 2.000 por ano. No período de 1655 a 1820 foram trazidos cerca de 187.000 africanos a partir dessa perspectiva. Meireles se baseou em dados das Companhias de Cacheu e Cabo Verde, da Companhia do Maranhão, provisões referentes a assentos estabelecidos para fornecimento de escravos, também nos escritos de Gaioso e o dicionarista César Marques.[16]
Para  Domingues as estimativas apontam que entre os anos de 1680 e 1755 cerca de 2.613 africanos desembarcaram em São Luís do Maranhão, com uma média anual de 34 africanos por ano. Após o advento da CCGPM os registros indicam um número em torno de 9.884 africanos desembarcados entre 1756 e 1777, excetuando os anos de 1667 e 1777 onde os números estão incompletos. O historiador Carreras conseguiu recuperar grande parte das estimativas referentes a esses dois anos totalizando os registros em torno de 10.391 africanos entre 1767 e 1777, com uma média de 472 por ano. Entre o fim do monopólio da CCGPM em 1778 e 1846 desembarcaram cerca de 87.521 africanos no Maranhão, com uma média de 1.268 africanos por ano. No total estima-se que foram trazidos cerca de 100.525 africanos para o Maranhão durante 1680 e 1846.[17] Domingues faz uma comparação entre dados compilados no Atlantic Slave Trade Database e o que escreveu o historiador Carreras sobre estimativas de africanos desembarcados no Maranhão. Os dados que Domingues traz a tona são focados no números de africanos desembarcados, enquanto que os números de M. Meireles nos informam os africanos embarcados para o Maranhão.
Para o século XIX, existe alguns dados sobre a população em geral da cidade de São Luís, que contundo, esses levantamentos não são incontestáveis, assim como os demais. Com cinco freguesias em São Luis, o número de escravos representavam 22,2%. As freguesias urbanas Nossa Senhora da Vitória e Nossa Senhora da Conceição possuíam a maior população escrava da região, juntas 64%. De forma geral, pretos e pardos somavam 51,5% de toda a população livre de São Luís. (MOREIRA... [et al], 2006)
 Conforme a historiadora Regina Faria a população total estava em torno de 152.893 habitantes em 1821. Desse valor, a população escrava girava em torno de 55,3% da população do Maranhão. Com respeito a queda do número de africanos para a cidade de São Luís foi em grande parte em consequência do tráfico interprovincial, do Maranhão para a região cafeeira do Sudeste. No período de 1847 a 1885 cerca de 15.200 escravos foram traficados por via terrestre pelo nordeste. (FARIA, 2001)

Até 1841, os cativos ainda representam a metade da população maranhense (51,6%). Três décadas depois, a situação estava bastante mudada. Em 1872, os escravos representavam apenas 20,8% dos habitantes. Tais números refletem, em primeiro lugar, os efeitos da extinção do tráfico africano, principal fonte de reposição da mão-de-obra escrava. Como havia no Brasil uma tendência ao crescimento vegetativo negativo da população escrava, ao cessar o abastecimento externo, a população começou a diminuir e foi deflagrada a crise do escravismo.  (FARIA, p. 50, 2001)

Domingues acrescenta alguns dados sobre o tráfico interprovincial e sua extensão que não passou de algo momentâneo sem grandes proporções:

É difícil de determinar a escala deste comércio de exportação, mas deve ter sido significativo, uma vez que a população escrava do Maranhão diminuiu drasticamente nos anos após 1815 de cerca de 133.332 em 1819 para 97.132 em 1823. Dado o fato de que no momento o Brasil não foi de tornar livre um número significativo de escravos e não há relatos de surtos da doença  registrados, esse declínio pode ser atribuído a taxas negativas de crescimento natural da população escrava, bem como no tráfico de escravos do Maranhão. Importações de escravos para o Maranhão aumentaram novamente em 1830 como uma resposta final para a extensão dos esforços britânicos para suprimir o comércio de escravos no Atlântico sul. No entanto, a população escrava do Maranhão continuou a diminuir até 1888, quando o Brasil aboliu a escravidão. O contrabando de escravos do Maranhão é improvável que tenha sido algo de grande proporção ou mesmo um número significativo.[18]

Os principais portos de embarque de africanos para o Maranhão, de modo geral, se concentrou na região africana da Senegâmbia. A exemplo, os portos de Cacheu e Bissau e outros portos da Costa da Alta-Guiné. Do século XVII ao XIX é predominante a presença de africanos trazidos desses portos para o Maranhão.

Os dois lugares, Cacheu e Bissau, eram portos de saída de um tráfico de escravos mais amplo. A partir das bacias de quatro grandes rios próximos a estes dois portos, Senegal, Gâmbia, Cacheu e Geba, poderia-se chegar até os sertões da região africana (na realidade até onde os africanos permitissem a entrada – no caso do Rio Cacheu até a cidade de Farim; no caso do Rio Geba não passariam da fortaleza de São José de Bissau) contatando comerciantes africanos e, por sua vez, seus respectivos impérios, e fazendo inúmeras trocas com os mesmos. Os portos seriam meros escoadouros de um sistema maior e pré-existente como veremos mais a frente. Os portugueses, no final do século XVIII, possuíam ali estruturas montadas para a coleta da mão-de-obra escrava negociada com os africanos transportando grande parte deste contingente populacional para o porto de São Luís durante o último quartel do século XVIII, 1775 até 1800. (BARROSO, 2009, p. 77)


Porém, após a introdução da CCGPM percebemos algumas mudanças:


Quando a CGGPM foi estabelecida, o comércio de escravos para o Maranhão continuou a se desenhar a partir da Senegâmbia, mas sua fonte secundária mudou da Costa da Mina para Angola, na África Centro-Ocidental. Somente Luanda forneceu cerca de 21,5 por cento de todos os escravos desembarcados no Maranhão. Grande parte do aumento das exportações africanas no Centro-Oeste ocorreu depois de 1815, com a tentativa britânica de suprimir o tráfico de escravos ao norte do Equador. Alguns anos antes, possivelmente como resultado da abolição britânica do tráfico de escravos em 1807, o Sudeste da África também surgiu como uma fonte alternativa Africano de Maranhão. Assim, o Norte Atlântico teve supremacia no tráfico de escravos para o Maranhão e diminuiu apenas após tentativas britânicas de abolir o comércio de escravos no Atlântico. Em outras palavras, Maranhão pertencia a um sistema de comércio de escravos mais semelhantes aos portos nas ilhas do Caribe ou da América do Norte do que a portos na América do Português. Esta característica distintiva e as razões para isso, bem como as mudanças na procedência africana ao longo do tempo, têm sido mal compreendida pelos estudiosos. (Tradução nossa).[19]

Com a introdução da CCGPM, segundo Domingues, ainda há uma continuidade em trazer africanos da Senegâmbia, porém as fontes secundárias que antes eram trazidas da região da Costa da Mina passam para Angola. Com a política britânica de supressão ao tráfico de escravos o eixo do tráfico para o Maranhão se reconfigura e a partir de 1815 o Centro-oeste da África passa a se configurar como uma fonte primária de abastecimento de mão de obra africana e o sudeste da África como fonte secundária para o Maranhão. O Norte, o que incluía o Maranhão possuía uma lógica escravista diferente se comparado com o resto do Brasil, principalmente por duas razões: devido as correntes de vento que circulavam no Atlântico Norte favorecer a navegação para lá e os fornecedores de escravos se situarem no Atlântico norte longe das regiões do sul que forneciam escravos para o Brasil. A realidade brasileira em todo o período do funcionamento do tráfico negreiro estava voltada para o Atlântico sul, exceto na Bahia e Pernambuco onde em alguns períodos se comercializava tabaco por escravos da Costa da Mina. (DOMINGUES, 2008)
Parece consenso geral da nova historiografia acerca do tráfico de escravos para a região norte da América Portuguesa – o que inclui os historiadores Rafael Chambouleyron, Daniel Domingues e Reinaldo Barroso – o entendimento de que a região que englobava o Maranhão estava inserida numa lógica escravista diferente da lógica brasileira. O conceito de uma rota mais específica – Atlântica Equatorial é adotada tanto por Reinaldo Barroso quanto por Rafael Chambouleyron.
Para Daniel Domingues a expressão mais adequada seria Atlântico Norte, pois o Maranhão estaria mais próximo dos padrões de vento ao norte do Equador. Após 1815 a fonte de escravos para o Maranhão mudou talvez em virtude da abertura dos portos com a concorrência de outros comerciantes de escravos incluindo ingleses e franceses. De 1820 a 1830 o Maranhão recebe um grande número de escravos do Atlântico Sul, superando assim as barreiras de navegação. (DOMINGUES, 2008)
O tráfico negreiro para a região amazônica se organizou a partir de uma rota muito específica. A intenção de gestar uma incipiente rota escrava para a região amazônica, ou seja, estabelecer uma conexão atlântica, que como foi dito tinha por objetivo resolver os problemas decorrentes da proibição da escravização e da escravidão indígenas no Estado do Maranhão e possivelmente também procurar consolidar a presença portuguesa na Guiné criaria esse vínculo, mas não se tratava de uma conexão do Atlântico sul, mas Atlântico norte ou, melhor, Atlântico equatorial. (CHAMBOULEYRON, 2006).
Conforme Reinaldo Barroso, no último quartel do século XVIII, com a inserção do Maranhão na economia atlântica de forma expressiva, vários foram as conexões com o Atlântico, sendo a Alta-Guiné[20] e Lisboa de extrema importância. “O Maranhão estava mais próximo de Alta-Guiné (Cacheu e Bissau) e Portugal (Lisboa e Porto) que de muitos dos portos com os quais dividia o território da América Portuguesa graças a certa quantidade de fatores naturais.” (BARROSO, p. 51, 2009)
O maior contigente de traficantes se localizavam em Lisboa, por isso, o principal ponto de partida para os navios negreiros seriam da Europa. Entre os anos de 1778 e 1815, 82% dos escravos exportados para o Maranhão saíram de lá. Diferente do sistema bilateral que operava no Brasil, o tráfico para o Maranhão funcionava numa base triangular, semelhante ao comércio para as ilhas do Caribe e do Norte do continente americano. (DOMINGUES, 2008)
O Maranhão foi um grande exportador de arroz e a importação de escravos da Alta Guiné sugere que havia uma preferência pelos escravos dessa região pelos comerciantes, pois muitos africanos da Alta Guiné possuíam habilidades com o cultivo do arroz. Na Alta Guiné se cultivava o tipo Oryza Glaberrima. No Maranhão o tipo nativo de arroz era chamado "arroz de veneza", que tinha uma cor avermelhada semelhante ao africano, e durante o monopólio da CGGPM exportou um tipo diferente de arroz, introduzida na região das Carolinas britânica, no continente americano. (DOMINGUES, 2008).

Um tipo de arroz nomeado como Oryza Glaberrima, comumente conhecido nos meios acadêmicos como arroz africano, era produzido pelos guineenses, com uma coloração avermelhada e produzido em regiões  com  uma  menor  pluviosidade anual de até 1000 mm de chuvas. Só no começo do século XVI foi introduzido uma segunda espécie de arroz, o Oryza Sativa, de origem asiática, pelos europeus na mesma região da Alta-Guiné advindo de uma região com intensa quantidade de chuvas ultrapassando os 1000 mm anuais de chuva. (BARROSO, p. 87, 2009)

É de destaque o fato de os africanos da Alta guiné já estarem familiarizados com as duas espécies de arroz e a ligação que isso deve ter tido no fato de se preferir trazer africanos dessa região africana para o Maranhão. Assim:

Tanto o Oryza Glaberrima, o arroz africano originário dessa Alta-Guiné, que provavelmente já existia no Maranhão antes de meados do século XVIII, quanto o Oryza Sativa, de origem asiática e imposto à cultura atlântica pelo sistema de plantations, eram costumeiramente cultivados pelos africanos da região durante o século XVIII. (BARROSO, p 121, 2011).

No Maranhão os africanos da Alta Guiné foram importados mesmo antes do estabelecimento do monopólio do CGGPM e a introdução do cultivo de arroz na região da Carolina do Sul na América Inglesa também. Assim, O fato de os escravos que chegam da Alta Guiné no Maranhão aumentar pode estar ligado principalmente com os padrões de navegação no Atlântico Norte, em vez da preferência dos colonizadores pela mão de obra por si só. (DOMINGUES, 2008) Outra possibilidade da introdução do cereal no Maranhão possivelmente de maneira ilegal foi conforme Barroso:

...é legítimo aceitar a possibilidade de o arroz africano invadir de maneira obscura e furtiva o território maranhense através das embarcações que aportaram no porto de São Luís, fugindo ao controle do Estado, seja através dos escravos transportados, seja por meio de seus tripulantes e passageiros. O arroz vermelho cultivado no Maranhão possuía essa coloração por ser originário da espécie Oryza Glaberrima, espécie africana cultivada no Maranhão pelos africanos da região da Alta-Guiné – o Arroz de Veneza possuía raízes negras. (BARROSO, p. 117, 2011)

Os africanos trazidos da região da Alta Guiné para o Maranhão e que também eram levados para o Caribe, para a região das Carolinas tinham habilidades seculares com o cultivo do arroz e nas fontes de jornais estudadas por Barroso de determinada região na cidade da Carolina do Sul visualiza elementos na descrição dos escravos guinés como vindo da “Costa do Arroz”, parte da Alta Guiné, região onde se cultivava arroz nas margens dos rios locais africanos, o fato de serem habilidosos, “sem defeito” indica a preferência dos donos de terras por mão de obra qualificada. Assim, segundo esse historiador os africanos que viviam na Alta Guiné tiveram contato tanto com o arroz de origem africana quanto o de origem asiática na própria África na produção em larga escala as margens dos rios locais para serem comercializados no tráfico transsaariano. (BARROSO, 2011) Conforme Barroso:

 ...na segunda metade do século XVIII no Atlântico (em parte, por responsabilidade dos traficantes de escravos), parecia recorrente a relação entre os guiné e a produção de arroz na América do Norte, Caribe e norte da América do Sul. Sem dúvida alguma essas informações fornecidas pelos comerciantes obedecem a uma lógica comercial simples de oferta e procura em territórios como Carolina do Sul e Maranhão: para qualquer fazendeiro produtor de arroz, possuir escravos especializados na produção do item era possuir uma vantagem frente a outros agricultores. (BARROSO, p 123, 2011)

No Maranhão, o historiador Pereira traz vários exemplos de atividades desenvolvidas por africanos em São Luis, a partir dos anúncios em jornais da época:

Os trabalhadores escravos, em sua maioria, trabalhavam nas diferentes etapas que caracterizavam o processo de produção de mercadorias como o algodão, arroz, e o açúcar, em estado bruto, para exportação, bem como numa variedade de serviços, como a construção civil, as atividades domésticas, portuárias e o comércio informal de alimentos, entre outros. (PEREIRA, p. 34, 2006)

Em sua análise, junto a fontes jornalísticas e de códigos de postura percebemos que as atividades que muitos africanos desenrolavam faziam parte de um universo de transações comerciais – compra de cativos, venda e aluguel – presentes em vários periódicos da capital maranhense e a partir dessa lógica muitos africanos conseguiram também desenrolar sua vida social – no âmbito afetivo, cultural, relações comerciais, etc.[21]
Barroso a partir da leitura das cartas endereçadas à Coroa em fins do Século XVIII percebe como alguns governadores se queixavam sobre a índole de escravos de determinada região africana traficados por comerciantes brasileiros, que geralmente traziam escravos Mina e Angola, enquanto que se preferia os de procedência da Alta Guiné, principalmente de Cacheu. Em 1775 após o fim da CCGPM foi estabelecido o contrato de Cacheu e o desprezo pelos escravos do centro-sul africano se explicaria em parte para evitar a concorrência e assegurar o monopólio dos comerciantes que atuavam em Cacheu e obterem mais lucros. Ao retornar após o colapso das companhias de comércio na costa da Alta-Guiné, o contrato de Cacheu ficou responsável pela manutenção do tráfico já esquematizado e mantido na África Ocidental até então pela CCGPM. (BARROSO, 2011). 
Essas conexões foram criadas em virtude da economia do império ultramarino português ser baseada na agricultura de exportação e na mão de obra escrava. No século XIX a economia brasileira ainda estava em alta. O aumento populacional, somado a industrialização e urbanização na Europa Ocidental fomentou a procura de alimentos e matérias-primas (por exemplo, algodão). Nesse ínterim, haviam guerras nas 13 colônias americanas, guerras napoleônicas, o levante na ilha de Santo Domingo, no Caribe, impossibilitaram muitos concorrentes econômicos do Brasil e elevaram os preços mundiais de produtos tropicais. (BETHELL, 2002)
A nível mundial, partir do início do século XIX o governo britânico começou a tomar medidas para a supressão do tráfico de escravos. Em 1807 a Grã-Bretanha decretou o fim legal do tráfico de escravos e começava a incitar outras economias a fazer o mesmo. Pela histórica diplomacia anglo-portuguesa as negociações ocorreram de modo lento perpetuando ainda por muito tempo o tráfico de escravos. Após ter recebido indenização, o governo Português teria a obrigação de suprimir o tráfico em seu império. Porém, ao sul do Equador ainda continuou a haver o tráfico de escravos e, somente a partir de 1842, cessaria. (DAGET, 2010)
No Brasil, a abertura dos portos em 1808, resultou na maior integração com a economia mundial com a produção em larga escala de produtos agrícolas tais como açúcar, café e algodão com a utilização do trabalho africano. O comércio de escravos ainda continuou ao norte da linha do Equador, em menor escala e ilegalmente, e ao sul com amparo legal. (BETHELL, p. 36, 2002)
O Boom da economia maranhense após a segunda metade do século XVIII se estenderia até depois da segunda metade do século XIX. A historiografia maranhense enfatiza o fato de o Maranhão se inserir nos moldes da agricultura para exportação com o cultivo, primariamente das culturas de arroz e algodão, entretanto a ênfase maior recai sobre a cultura do algodão. Barroso indica que entre 1770 e 1789 nas cartas endereçadas à Coroa o arroz é mencionado várias vezes como importante artigo de exportação:

A historiografia local maranhense entra em acordo sobre a importância do algodão na ascensão do Maranhão ao cenário da economia Atlântica, contudo parece menosprezar a presença do arroz no cenário regional do plantations como se o dínamo da economia maranhense fosse única e exclusivamente o algodão. Entretanto, as cartas expedidas para a corte entre os anos de 1770 e 1789 costumeiramente mencionavam a exportação do arroz – muito mais que o algodão. (BARROSO, p. 110, 2011)

  Ribeiro alista alguns elementos que possibilitaram a instalação no Maranhão da grande lavoura mercantil. A modificação do mercado mundial de produtos tropicais provocadas principalmente pela Guerra da Independência das treze colônias e a revolução industrial inglesa criou novas possibilidades para mercados emergentes como o Maranhão. (RIBEIRO, 1990)

Assim, instalou-se no Maranhão a grande lavoura mercantil, resultando daí um aumento considerável de suas exportações agrícolas, provocando um surto de prosperidade e, ao mesmo tempo, com a intensificação do trabalho escravo, profundas modificações na fisionomia étnica da região. (RIBEIRO, P. 31, 1990)

O historiador Josenildo Pereira destaca outros dois fatores, a situação de crise em que se encontravam os sistemas baseados na exploração da cana-de-açúcar e mineração, e o solo fértil da região propício para as culturas de arroz e algodão. Com essa base econômica a região passou por transformações nos níveis patrimonial, humano e social (PEREIRA, 2006). Com respeito a indústria do açúcar, a partir da metade do século XVII sofreu um lento declínio, porém permaneceu como principal produto agrícola exportado do Brasil. A agricultura em larga escala em São Luís impactou fortemente na estrutura étnica local com o aumento significativo de africanos na região. Muitos africanos se tornaram serviçais domésticos que atuavam em várias formas de atividades econômicas na cidade. (BETHELL, 2002)
Com a introdução de africanos em larga escala o perfil social da região se torna mais polivalente. As cidades brasileiras cotidianamente reinventavam as práticas sociais por meio de seus residentes e imigrantes. “Os recém-chegados produziam identidades diversas, articulando as denominações do tráfico, aquelas senhoriais e a sua própria reinvenção em determinados cenários.” (MOREIRA... [et al], p. 13, 2006)



[1] Alencastro, pp. 58-61, 2001.
[2] Reinaldo Barroso, em sua dissertação trabalha sobre o desafio de trilhar para o Estado do Maranhão, quer por mar, quer por vias terrestres. 
[3] CARDOSO, pp. 318-320, 2011. “A fronteira natural entre o Maranhão e as Índias espanholas sempre foi motivo de diversas especulações, gerando dúvidas sobre os limites entre os rios Amazonas e Marañón.” O autor faz um estudo detalhado da ocupação do território que abrangeria o Estado do Maranhão. Também  o estudo de projetos de ocupação em potencial: luso-espanhol, o francês, o inglês e, o holandês que buscavam a ocupação dessa região.
[4] CHAMBOULEYRON, pp. 102-103, 2006.
[5] CHAMBOULEYRON, p. 101, 2006. O autor cita implicações no âmbito religioso e social com o contato interétnico entre africanos e ameríndios e os próprios portugueses.
[6] “Em 1755, quando da implantação da Companhia de Grão-Pará e Maranhão, as capitanias do norte formavam um “estado” com um governo delegado pela Coroa.” Não existia uma delimitação territorial do que seria a região norte, porém as cidades de Belém e vilas vizinhas, São Luis e suas vilas e freguesias vizinhas são parte dessa região. (MEIRELES, p. 43, 2006)
[7] Meireles, pp. 131-133, 1994.
[8] CHAMBOULEYRON, p. 81, 2006.
[9] Por exemplo os historiadores S. B. Schwartz e J. Lockhart ao comparar o Maranhão e Pará as colônias espanholas a oeste, referiram-se a elas como regiões pobres e mal organizadas dependentes da mão de obra indígena. Ver. LOCKHART; SCHWARTZ, 2002.
[10] DOMINGUES da Silva, p. 478, 2008.
[11] BARROSO, p. 29, 2009.
[12] BARROSO, pp. 32-33, 2009.
[13] Idem, p. 26, 2009.
[14] FARIA, p. 31, 2001.
[15] idem, pp.28-30, 2009.
[16] MEIRELES, pp. 149, 150, 1994.
[17] DOMINGUES da Silva, pp. 483-485, 2008.
[18] The scale of this export trade is hard to determine, but it must have been significant, since the slave population of Maranhao declined sharply in the years following 1815 from about 133,332 in 1819 to 97,132 in 1823. Given the fact that at the time Brazil was not emancipating significant numbers of slaves and no reports of disease outbreaks have been recorded, this decline may be attributed to negative rates of natural increase among the slave population as well as to the slave traffic from Maranhao. Slave imports into Maranhao increased again in the late 1830s as a response to the extension of British efforts to suppress the slave trade into the South Atlantic. Nevertheless, the slave population of Maranhao continued to decrease down to 1888, when Brazil abolished slavery. Contraband of slaves to Maranhao was unlikely to have been extensive or even significant. (DOMINGUES da Silva, p. 483)
[19] When the CGGPM was established, the slave trade to Maranhao continued to draw from Senegambia, but changed its secondary source from Costa da Mina to Angola, in West-Central Africa. Luanda alone provided about 21.5 per cent of all slaves disembarked in Maranhao. Much of this increase in West-Central African exports came after 1815, with the British attempt to suppress the slave traffic north of the Equator. Some years earlier, possibly as a result of the British abolition of the slave trade in 1807, South-East Africa also emerged as an alternative African source for Maranhao. Thus, the North Atlantic supremacy in the slave traffic to Maranhao declined only after British attempts to abolish the Atlantic slave trade. In other words, Maranhao belonged to a slave trading system more similar to ports in the Caribbean Islands or North America than to ports in the Portuguese America. This distinctive feature and the reasons for it, as well as the shifts in African provenance over time, have been poorly understood by scholars (DOMINGUES da Silva, p. 486, 487, 2008).

[20] Para uma discussão sobre a região, ver capítulo I.
[21] Ver: PEREIRA, Josenildo de Jesus. As representações da escravatura na imprensa jornalística do Maranhão na década de 1880. USP, SP, 2006.

Referências

ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Exportação, mercado interno e crises de subsistência numa província brasileira: o caso do Maranhão, 1800-1860. University of Essex. Estudos Sociedade e Agricultura, 14, 2000.

BARROSO, Reinaldo dos Santos. Nas rotas do Atlântico equatorial: tráfico de escravos africanos da Alta-Guiné para o Maranhão (1770-1800). UFBA, Salvador, 2009.

_____________________________. O Arroz De Veneza E os Trabalhadores de Guiné: A lavoura de exportação do Estado do Maranhão e Piauí (1770-1800). Outros Tempos, Volume 8, número 12, dezembro de 2011.

BETHELL, Leslie. Capítulo I – Primeiros passos rumo à Abolição, 1807-1822. In: ______________. A Abolição do comércio de escravos. Brasília, Senado Federal, Conselho Editorial, 2002.

CARDOSO, Alírio. A conquista do Maranhão e as disputas atlânticas na geopolítica da União Ibérica (1596-1626)Rev. Bras. Hist. [online]. 2011, vol.31, n.61, pp. 317-338. ISSN 1806-9347.

CHAMBOULEYRON, Rafael. Escravos do Atlântico equatorial: tráfico negreiro para o Estado do Maranhão e Pará (século XVII e início do século XVIII). Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 26, nº 52, p. 79-114 – 2006.

DAGET, Serge. A abolição do tráfico de escravos. IN: ADE AJAYI, J. F. História Geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. – Brasília: UNESCO, 2010.

DOMINGUES DA SILVA, Daniel B. The Atlantic Slave Trade to Maranhão, 1680-1846: Volume, Routes and Organisation, Slavery & Abolition, 2008.

FARIA, Regina Helena Martins de. A Transformação do Trabalho nos Trópicos. UFPE, Recife, 2001.

LOCKHART; SCHWARTZ, James; Stuart B. A periferia. In:__________. A América Latina na época colonial. RJ, Civilização Brasileira, 2002.

MOREIRA, Carlos Eduardo. [et al.] Cidades negras: africanos, crioulos e espaços urbanos no Brasil escravista do século XIX. SP, Alameda, 2006.

MEIRELES, Marinelma Costa. As conexões do maranhão com a áfrica no tráfico atlântico de escravos na segunda metade do século xviii. Outros Tempos. Volume 6, número 8, dezembro de 2009.

__________________________. Tráfico transatlântico     procedências africanas no Maranhão setecentista. Tese de doutorado. Brasília, 2006.

MEIRELES, Mário M. Os negros do Maranhão. In: ___________. Dez estudos históricos. São Luis, Alumar, 1994.

PEREIRA, Josenildo de Jesus. A Estrutura econômica e social do Maranhão. In:________________________. As representações da escravatura na imprensa jornalística do Maranhão na década de 1880. USP, SP, 2006.

RIBEIRO, Jalila Ayoub Jorge. A desagregação do sistema escravista no Maranhão: 1850-1888. Ma, SIOGE, 1990.

Postar um comentário

0 Comentários