O que foi a Diáspora Africana?


A diáspora africana é reconhecida hoje marcadamente na historiografia brasileira, fruto de movimentações forçadas de pessoas em rotas de comércio que antes estavam estabelecidas dentro da África e paulatinamente foram reconfiguradas e especializadas ampliando seu curso até o Atlântico.
Nas palavras de Del Priore,

… o tráfico foi um movimento – uma forma de deportação – de homens e mulheres portadores de idéias, de valores, de saberes, de religiões e de tradições. Foi precisamente esta cultura em movimento que manteve a força da sobrevivência, da resistência, da adaptação e, enfim, do renascimento de indivíduos arrancados à terra de seus ancestrais. Por sua exclusiva vontade de viver e de criar, a violência absoluta que sofreram acabou por produzir reencontros, fecundações e mestiçagens, que, na misteriosa alquimia da construção de identidades, deram à luz novas e plurais formas de culturas e de identidades. (PRIORE; VENANCIO, p. 3, 2004)

Esse comércio ao longo dos séculos foi se reconfigurando e ganhando mais eficiência a ponto de alterar de maneira específica a geografia da costa africana[1]. Com o tempo rotas, regiões, tipos africanos eram mais explicados dedicadamente para atender ao comércio que se estabelecia na costa da África.
Conforme Mariza Soares os africanos submetidos ao tráfico atlântico redefiniam suas formas de organização, dentro de grupos de procedências estabeleciam vínculos afetivos, social e religioso. “Uma vez estabelecido na cidade os africanos interagiam em várias esferas da vida urbana criando formas de sociabilidade que – com base na procedência comum – lhes possibilitavam compartilhar diversas formas de organização.” (SOARES, 2004)
Assim a Diáspora africana se refere ao movimento de pessoas situadas em contextos diferentes que ao atravessar o Atlântico construíram uma nova sociedade que possuía indivíduos com aspirações e desejos pessoais diferentes e que a partir de então enfrentaram a sua situação buscando se inserir na sociedade colonial.
Fontes:
PRIORE, Mary Del e VENÂNCIO, Renato Pinto – ancestrais uma introdução a historia da África Atlântica. RJ, 2004.
SOARES, Mariza de Carvalho.  A “nação” que se tem e a “terra” de onde se vem: categorias de inserção social de africanos no Império Português, século XVIII. Estudos afro-asiáticos, ano 26, nº 2, 2004.




[1] Para mais informações sobre o impacto do tráfico trans-atlântico na geografia africana ver: SOARES, Mariza de Carvalho. Descobrindo a Guiné no Brasil Colonial. Revista IHGB, RJ, 2000.

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